Os Carvoeiros de Nigel Noble
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Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
— Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.
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Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
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.(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe,
dobrando-se com um gemido.)
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— Eh, carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles . . .
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!
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—Eh, carvoero!
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Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados.
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Manuel bandeira
Manuel bandeira
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Um comentário:
Boa noite! Muito bom seu blog, reunindo e disponibilizando o 'fino' da poesia brasileira. Estou linkando seu blog ao meu, para poder voltar aqui e apreciar tantas obras maravilhosas. Agora vou lá conhecer seu outro blog. Grande abraço!
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